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5.4.2022
Chico Buarque: Raridades analógicas
Esta playlist especial, preparada pelo jornalista Renato Vieira, recupera 17 músicas gravadas por Chico Buarque em compactos, trilhas sonoras e projetos especiais lançados no Brasil e no exterior que jamais foram incluídas em álbuns de carreira dele, tampouco entraram em coletâneas. São raridades analógicas, portanto. Dezesseis das faixas saíram apenas em vinil e são, em sua maioria, versões alternativas de sucessos do cantor e compositor.
Criação, textos e pesquisa de repertório: Renato Vieira
Pesquisa de repertório e digitalização dos áudios: Jennifer de Paula
Repertório
1) A banda (com acompanhamento de banda, diferente da incluída no álbum “Chico Buarque de Hollanda”) (Chico Buarque). Do compacto duplo RGE 80.232, de 1966 – Um dos primeiros sucessos de Chico Buarque, “A banda” foi gravada duas vezes por Chico em 1966, ano em que a música se tornou a sensação do festival promovido pela TV Record. A versão mais conhecida abriu o primeiro LP do cantor e compositor. Mas um registro obscuro, com acompanhamento de banda, foi incluído num compacto duplo.
2) Noite dos mascarados (Chico Buarque). Com Odete Lara e MPB-4. Do compacto simples RGE 70.239, de 1966. Faixa produzida por Manoel Barenbein – Enquanto “A banda” estourava em todo o Brasil, Chico estava no Rio de Janeiro fazendo o show “Meu refrão” na boate Arpège, ao lado de Odete Lara e do grupo vocal MPB-4. Dois números foram registrados em estúdio para um compacto simples. No lado A entrou “Noite dos mascarados”. A canção foi feita para substituir “Tamandaré”, a primeira música censurada de Chico.
3) Meu refrão (Chico Buarque). Com Odete Lara e MPB-4. Do compacto simples RGE 70.239, de 1966. Faixa produzida por Manoel Barenbein – “Meu refrão”, que dava nome ao show de Chico, Odete Lara e MPB-4 na boate Arpège, entrou no lado B do compacto com “Noite dos mascarados” como faixa principal. Depois do sucesso de “A banda”, o nome do show foi modificado: ficou “Pra ver a banda passar”.
4) Até pensei (primeira versão, diferente da incluída no álbum “Chico Buarque de Hollanda volume 3”) (Chico Buarque). Do compacto simples RGE 70.280, de 1967 – O lado B do compacto simples de “Roda viva” foi preenchido com a lírica “Até pensei”. Quando Chico entrou em estúdio para realizar seu terceiro disco, decidiu regravar a música com arranjo do maestro Lindolpho Gaya. A primeira versão ficou esquecida.
5) Tem mais samba (lado B do compacto “Carolina”, versão diferente da incluída no álbum “Chico Buarque de Hollanda”) (Chico Buarque). Do compacto simples RGE 70.286, de 1967. Arranjo e regência do maestro Gaya – Chico considera esta música, feita para o espetáculo teatral “Balanço de Orfeu” (1964), o marco zero de sua carreira profissional. Após gravá-la no disco de estreia, uma versão completamente diferente de “Tem mais samba” foi parar no lado B do compacto com “Carolina”, lançado nos últimos meses de 1967.
6) Tão bom que foi o Natal (Chico Buarque). Compacto promocional distribuído aos clientes da imobiliária Clineu Rocha no Natal de 1967 – Uma imobiliária de São Paulo contratou Chico Buarque para fazer um jingle natalino. Saiu apenas em um compacto destinado a clientes da empresa.
7) Bom tempo (Chico Buarque), do álbum “Discomunal”, de 1968, Museu da Imagem e do Som – 007. Com Quarteto 004 e Tom Jobim (piano). Direção de produção de Quarteto 004. Regência de Eumir Deodato – Inscrita na primeira Bienal do Samba, “Bom tempo” fez parte do roteiro de um show que o quarteto vocal 004 montou no Rio de Janeiro em benefício do Museu da Imagem e do Som. Chico foi um dos convidados e cantou a música ao lado do grupo vocal com o auxílio luxuoso do piano de Tom Jobim. Os melhores momentos do espetáculo foram incluídos no álbum “Discomunal”.
8) Apesar de você (primeira versão, diferente da incluída no disco “Chico Buarque”, de 1978) (Chico Buarque). Do compacto Philips 365.315, de 1970. Faixa produzida por Manoel Barenbein – Sucesso instantâneo, “Apesar de você” foi lançada em 1970 e semanas depois proibida pela Censura da ditadura militar. Chico fez uma nova gravação da música oito anos depois, mas o registro original – que chegou a sair em CD numa compilação do livro “Almanaque Anos 70” – permanece fora das plataformas digitais.
9) Desalento (primeira versão, diferente da incluída em “Construção”) (Chico Buarque e Vinicius de Moraes). Do compacto Philips 365.315, de 1970. Faixa produzida por Manoel Barenbein – “Desalento” entrou no álbum “Construção”, de 1971. Mas a música não era inédita: já tinha aparecido com outro arranjo no lado B do compacto com “Apesar de você”. Esta versão original de “Desalento” foi uma das últimas que Manoel Barenbein, produtor musical que acompanhava Chico desde o início da carreira, dirigiu para o cantor e compositor.
10) Jorge Maravilha (ao vivo no show “Tempo e Contratempo”, de 1974) (Chico Buarque sob o pseudônimo Julinho da Adelaide). Com MPB-4. Faixa lançada na caixa “Palco, corpo e Alma”, de 1976, Polygram – 9299 222. Direção musical de Magro – Uma das três músicas que Chico assinou sob o pseudônimo Julinho da Adelaide, “Jorge Maravilha” foi interpretada por ele nas apresentações que fez com o MPB-4 entre 1973 e 1974. Esta versão é diferente da que está em caixas com a obra de Chico na Phonogram: foi captada no show “Tempo e contratempo” e incluída na caixa “Palco, corpo e alma”, com registros ao vivo de diversos artistas.
11) Tanto mar (letra original, diferente da incluída no disco “Chico Buarque”, de 1978) (Chico Buarque). Lançada em Portugal no compacto Philips 6069.144, de 1974 – Composta em homenagem à Revolução dos Cravos, de Portugal, “Tanto mar” foi proibida no Brasil pela Censura. Em 1978, Chico mudou alguns versos e a colocou no mesmo disco para o qual “Apesar de você” foi liberada. A versão original de “Tanto mar”, no entanto, nunca foi oficialmente lançada no Brasil, apenas em Portugal.
12) Quadrilha (Francis Hime e Chico Buarque), da coletânea “Seleção nacional de sucessos”, de 1977, Polygram – 6349 354. Faixa produzida por Sérgio de Carvalho. Arranjo de Francis Hime -Parceria de Chico com Francis Hime, “Quadrilha” foi feita para o filme “A noiva da cidade”, de Alex Viany. Os dois gravaram a música juntos para um compacto da Som Livre. Mas Chico era contratado da Phonogram e registrou uma versão apenas com sua voz para uma compilação da gravadora intitulada “Seleção nacional de sucessos”.
13) Tantas palavras (letra original, diferente da incluída no disco “Chico Buarque”, de 1984) (Dominguinhos e Chico Buarque), do disco “Sabor de mel” – Trilha sonora original da novela”, de 1983, Ariola, 813 345-1. Faixa produzida por Mazzola – Com melodia de Dominguinhos e letra de Chico, “Tantas palavras” foi feita para Roberto Carlos, que acabou não gravando. A música apareceu no disco que Chico lançou em 1984, mas com modificações na letra. Um ano antes, o próprio Chico tinha feito um registro da canção com a letra original para a abertura da novela “Sabor de mel”, de Jorge Andrade, exibida pela Rede Bandeirantes.
14) O que será (À flor da pele)/ O que será (À flor da terra) (Chico Buarque). Do disco “Abril en Manágua – Concierto de La Paz en Centroamerica”, de 1984, Enigrac – NCLP 5001. Gravado ao vivo em Manágua, Nicarágua, em abril de 1983 – Chico foi à Nicarágua participar de um concerto com vários cantores da América Latina. Ao se apresentar, ele cantou “O que será”, feita para o filme “Dona Flor e seus dois maridos”, misturando duas letras que fez para a música. Esta versão foi incluída no álbum coletivo “Abril en Manágua”, com o registro do show. Apesar de o disco estar nas plataformas digitais, ele nunca foi lançado oficialmente no Brasil e permanece pouco conhecido por aqui.
15) Não existe pecado ao sul do Equador (Chico Buarque e Ruy Guerra)/ Batuquê de praia (Petrúcio Maia). Com Fagner. Do disco “Abril en Manágua” – Concierto de La Paz en Centroamerica”, 1984, Enigrac – NCLP 5001. Gravado ao vivo em Manágua, Nicarágua, em abril de 1983 – Fagner também estava no evento da Nicarágua e fez um dueto com Chico em “Não existe pecado ao sul do Equador” (Chico Buarque e Ruy Guerra), composta para a peça “Calabar: O elogio da traição”. Os dois ainda dividem “Batuquê de praia” (Petrúcio Maia), que Fagner havia gravado com o jogador de futebol Zico.
16) Carolina (Chico Buarque). Com Época de Ouro. Do disco “Há sempre um nome de mulher”, de 1987, independente, 803.520. Direção geral de Ricardo Cravo Albin. Assistência de produção de Maurício Tapajós. Arranjo e regência de Orlando Silveira – “Carolina” foi inscrita no Festival Internacional da Canção de 1967, resultado de um acordo entre Chico e a TV Globo para liberá-lo de um contrato para apresentar um programa, já que o cantor e compositor não se sentiu à vontade nessa função. Vinte anos depois do lançamento da música, Chico fez uma regravação, suprimindo trechos da letra, com acompanhamento do grupo de choro Época de Ouro para o disco coletivo “Há sempre um nome de mulher”, iniciativa destinada a angariar fundos para um programa de aleitamento materno.
17) No dia que o Cristo falou (Carlos Fernando) – do disco “Asas da América – Frevo”, 1989, RCA Victor, 140.0039. Produzido por Paulo Rafael e Carlos Fernando. Direção artística de Miguel Plopschi. Direção musical de Tovinho e Paulo Rafael. Arranjos de sopro e regência de Maestro Duda – O frevo foi gravado por Chico em 1989 para um disco da série “Asas da América”, idealizada pelo compositor Carlos Fernando, autor da música. Dedicada ao carnavalesco Joãosinho Trinta, a canção cita “Cidade maravilhosa”, de André Filho, e “Quero que vá tudo pro inferno”, de Roberto e Erasmo Carlos.