Ao longo de muitos anos após a estreia de “Gota d’água”, Bibi Ferreira repetia com frequência em entrevistas a mesma frase para se referir ao espetáculo que estreou em dezembro de 1975 no teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro: “Enquanto existirem opressores e oprimidos, ‘Gota d’água’ será atual”.

Com textos de Chico Buarque e Paulo Pontes a partir do plano inicial de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, para um especial de TV, a peça é uma transposição da tragédia grega “Medeia”, de Eurípides, para o subúrbio carioca.

Reação artística à Censura e aos tempos sombrios da ditadura militar, “Gota d’água” tornou-se um dos maiores sucessos da longeva trajetória de Bibi Ferreira.

Neste LP, lançado em 1977 pela RCA Victor, a atriz declama cenas de sua personagem, Joana, que, abandonada por seu companheiro Jasão, mata os dois filhos e a si mesma. Entre as falas, Bibi Ferreira interpreta também composições de Chico Buarque presentes na trilha sonora da peça, como “Basta um dia”, “Bem querer” e a canção-título do espetáculo. Os arranjos das canções são de Dori Caymmi.

Repertório

Lado 1

Flor da idade (Chico Buarque) – Coro

Entrada de Joana – Bibi Ferreira

Monólogo do povo – Bibi Ferreira

Bem querer (Chico Buarque) – Bibi Ferreira

Desabafo de Joana para Jasão – Bibi Ferreira

Joana e as vizinhas – Bibi Ferreira

Lado 2

Gota d’água (Chico Buarque)

Joana promete – Bibi Ferreira

Basta um dia (Chico Buarque)

Ritual – Bibi Ferreira

Veneno – Bibi Ferreira

Morte – Bibi Ferreira

Texto: Lucas Nobile