Áudios
O balanço de Leny AndradeLeny no programa "Conversa com Bial", da TV Globo, em novembro de 2019
Leny no programa "Conversa com Bial", da TV Globo, em novembro de 2019
Playlists
26.1.2023

O balanço de Leny Andrade

A carioca Leny Andrade completa 80 anos em 26 de janeiro de 2023. Ela é considerada a mais jazzística das intérpretes da bossa nova, dona de um peculiar scat (vocalizar sem usar palavras, podendo imitar um instrumento) que a aproxima das cantoras negras americanas. Esta exibição de técnica é uma das atrações, na faixa “Clichê”, da playlist que Joaquim Ferreira dos Santos organizou com alguns dos momentos mais expressivos da cantora.

Leny Andrade começou a carreira como crooner de orquestra aos 13 anos e aos 18, em 1961, já cantava na boate Baccará, no Beco das Garrafas, o centro efervescente da bossa nova, em Copacabana. Ela era acompanhada pelo primeiro conjunto do pianista Sérgio Mendes. Em seguida, participou da formação do Tamba Trio, que a acompanhou nas primeiras gravações.

Sempre exaltada pelos críticos, Leny teve sucesso popular em 1965 ao lançar o LP “Gemini V”, a reprodução do show que fez com Pery Ribeiro e o Bossa Três na boate Porão 73, no Leme. Daquele show, esta playlist incluiu “De manhã”, de Caetano Veloso. O sucesso foi tão grande que todo o grupo de artistas foi contratado para uma temporada no México, onde a cantora morou por seis anos.

Em sua longa carreira discográfica, Leny Andrade fez alguns álbuns dedicados exclusivamente a um compositor, entre eles um para Cartola e outro para Nelson Cavaquinho (do disco do primeiro está na playlist a faixa “Vai, amigo” e de Nelson, “A flor e o espinho”).

Com sua técnica exuberante, ela também apresentou títulos elegantes do samba-canção, como “Um amor igual ao seu”, de Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo. E sempre que pôde, lembrou uma das personalidades do gênero, Dolores Duran, a quem considerava sua principal inspiração como cantora. Na faixa “Praça Mauá”, de Billy Blanco, do repertório de Dolores, Leny conta um pouco dessa história: “A noite sempre foi minha amiga”, diz.

Não à toa, a playlist se encerra com um samba-canção de Ivan Lins e Vítor Martins intitulado “Cantor da noite”.

Repertório

Batida diferente (Durval Ferreira e Maurício Einhorn) – com o Tamba Trio

Nós e o mar (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) – com o Tamba Trio

O amor que acabou (Chico Feitosa e Lula Freire) – com o Tamba Trio

Sambop (Durval Ferreira e Maurício Einhorn)

Procurando você (Durval Ferreira e Orlando Henriques)

Um amor igual ao seu (Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo)

Clichê (Durval Ferreira e Maurício Einhorn)

Rio (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli)

Influência do jazz (Carlos Lyra)

Baiãozinho (Eumir Deodato)

Estamos aí (Durval Ferreira, Maurício Einhorn e Regina Werneck)

A resposta (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle)

De manhã (Caetano Veloso) – com o Bossa Três

Samba de rei (Pingarilho e Marcos Vasconcellos)

Vai amigo (Cartola) – com Gilson Peranzzetta (piano e arranjo)

A flor e o espinho (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha) – com Gilson Peranzzetta (piano e arranjo)

Batendo a porta (João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro)

O chinês e a bicicleta (Joyce Moreno)

Praça Mauá (Billy Blanco)

Cantor da noite (Ivan Lins e Vitor Martins)

Seleção: Joaquim Ferreira dos Santos

Edição: Filipe Di Castro

  • Leny Andrade
  • JAZZ
  • Bossa Nova