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26.1.2023
O balanço de Leny Andrade
A carioca Leny Andrade completa 80 anos em 26 de janeiro de 2023. Ela é considerada a mais jazzística das intérpretes da bossa nova, dona de um peculiar scat (vocalizar sem usar palavras, podendo imitar um instrumento) que a aproxima das cantoras negras americanas. Esta exibição de técnica é uma das atrações, na faixa “Clichê”, da playlist que Joaquim Ferreira dos Santos organizou com alguns dos momentos mais expressivos da cantora.
Leny Andrade começou a carreira como crooner de orquestra aos 13 anos e aos 18, em 1961, já cantava na boate Baccará, no Beco das Garrafas, o centro efervescente da bossa nova, em Copacabana. Ela era acompanhada pelo primeiro conjunto do pianista Sérgio Mendes. Em seguida, participou da formação do Tamba Trio, que a acompanhou nas primeiras gravações.
Sempre exaltada pelos críticos, Leny teve sucesso popular em 1965 ao lançar o LP “Gemini V”, a reprodução do show que fez com Pery Ribeiro e o Bossa Três na boate Porão 73, no Leme. Daquele show, esta playlist incluiu “De manhã”, de Caetano Veloso. O sucesso foi tão grande que todo o grupo de artistas foi contratado para uma temporada no México, onde a cantora morou por seis anos.
Em sua longa carreira discográfica, Leny Andrade fez alguns álbuns dedicados exclusivamente a um compositor, entre eles um para Cartola e outro para Nelson Cavaquinho (do disco do primeiro está na playlist a faixa “Vai, amigo” e de Nelson, “A flor e o espinho”).
Com sua técnica exuberante, ela também apresentou títulos elegantes do samba-canção, como “Um amor igual ao seu”, de Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo. E sempre que pôde, lembrou uma das personalidades do gênero, Dolores Duran, a quem considerava sua principal inspiração como cantora. Na faixa “Praça Mauá”, de Billy Blanco, do repertório de Dolores, Leny conta um pouco dessa história: “A noite sempre foi minha amiga”, diz.
Não à toa, a playlist se encerra com um samba-canção de Ivan Lins e Vítor Martins intitulado “Cantor da noite”.
Repertório
Batida diferente (Durval Ferreira e Maurício Einhorn) – com o Tamba Trio
Nós e o mar (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) – com o Tamba Trio
O amor que acabou (Chico Feitosa e Lula Freire) – com o Tamba Trio
Sambop (Durval Ferreira e Maurício Einhorn)
Procurando você (Durval Ferreira e Orlando Henriques)
Um amor igual ao seu (Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo)
Clichê (Durval Ferreira e Maurício Einhorn)
Rio (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli)
Influência do jazz (Carlos Lyra)
Baiãozinho (Eumir Deodato)
Estamos aí (Durval Ferreira, Maurício Einhorn e Regina Werneck)
A resposta (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle)
De manhã (Caetano Veloso) – com o Bossa Três
Samba de rei (Pingarilho e Marcos Vasconcellos)
Vai amigo (Cartola) – com Gilson Peranzzetta (piano e arranjo)
A flor e o espinho (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha) – com Gilson Peranzzetta (piano e arranjo)
Batendo a porta (João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro)
O chinês e a bicicleta (Joyce Moreno)
Praça Mauá (Billy Blanco)
Cantor da noite (Ivan Lins e Vitor Martins)
Seleção: Joaquim Ferreira dos Santos
Edição: Filipe Di Castro