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Música para quem não tem pressa – Noel pela primeira vez
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2.4.2020

Música para quem não tem pressa – Noel pela primeira vez

Texto e seleção de João Máximo.

Noel Rosa (1910-1937) pode não ter sido o melhor compositor popular da chamada Época de Ouro, os anos que vão da fundação da Nova República (1930) à entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial (1939), mas foi, decerto, o mais importante. Musicalmente, pelo que representou na integração da música da classe média e dos bairros da cidade com os sambas criados no Estácio e nos morros cariocas. Foi o primeiro – e por algum tempo o único – a participar como compositor e letrista de parcerias inter-raciais que enriqueceram mutuamente as obras, sua e de então desconhecidos sambistas das escolas.

Já na literatura musical, a importância de Noel Rosa foi talvez maior. As letras de suas músicas estabeleceram uma liberdade temática que contrariava o romantismo bem comportado das canções que o antecederam. A partir dele, assuntos que só tinham lugar nas cantigas de carnaval passaram a fazer parte do repertório “mais sério” do meio de ano. Crônicas da vida carioca, anedotas, filosofias de botequim, conversas de esquina, malandros, gente de uma população mais pobre, o dia a dia dos bairros e dos subúrbios, tudo passou a ser cantado pelo compositor popular a partir do “Poeta da Vila”.

Por ter vivido pouco, sua obra compreende pouco mais de 250 canções, com ou sem parceiros. Coube ao paulista Omar Jubran a produção de uma caixa, com 14 CDs, reunindo em suas gravações originais toda a obra de Noel Rosa. Um trabalho heroico. Sobretudo porque, biólogo, Jubran jamais pensara em ser engenheiro de som até decidir mergulhar na discografia de Noel. Graças a teimoso autodidatismo, ele aprendeu sozinho a transformar velhas bolachas de 78 rotações em audíveis discos compactos (faria o mesmo, anos depois, com a obra de Ary Barroso). As canções aqui selecionadas, com as imperfeições técnicas ditadas pelo tempo, pretendem menos ser as melhores de Noel Rosa do que as mais representativas de sua lírica. Na Época de Ouro, inovadora.

Repertório

Gago apaixonado (Noel Rosa) – Noel Rosa

Quem dá mais? (Noel Rosa) – Noel Rosa

Cordiais saudações (Noel Rosa) – Noel Rosa

É preciso discutir (Noel Rosa) – Noel Rosa

Para me livrar do mal (Noel Rosa e Ismael Silva) – Francisco Alves

Julieta (Noel Rosa e Eratóstenes Fraazão) – Castro Barbosa

Meu barracão (Noel Rosa) – Mario Reis

Mulato bamba (Noel Rosa) – Mario Reis

São coisas nossas (Noel Rosa) – Noel Rosa

Filosofia (Noel Rosa e André Filho) – Mario Reis

O orvalho vem caindo (Noel Rosa e Kid Pepe) – Almirante

Qual foi o mal que eu te fiz? (Noel Rosa e Cartola) – Francisco Alves

Quando o samba acabou (Noel Rosa) – Mario Reis

Três apitos (Noel Rosa) – Aracy de Almeida

Feitiço da Vila (Noel Rosa e Vadico) – João Petra de Barros

Conversa de botequim (Noel Rosa e Vadico) – Noel Rosa

João Ninguém (Noel Rosa) – Noel Rosa

Palpite infeliz (Noel Rosa) – Aracy de Almeida

Dama do cabaré (Noel Rosa) – Orlando Silva

Tarzan, o filho do alfaiate (Noel Rosa) – Almirante

O X do problema (Noel Rosa) – Aracy de Almeida

Século do progresso (Noel Rosa) – Aracy de Almeida

Último desejo (Noel Rosa) – Aracy de Almeida

Cor de cinza (Noel Rosa) – Aracy de Almeida

Voltaste (Noel Rosa) – Aracy de Almeida