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Arlindo Cruz
Foto de divulgação
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9.8.2025

Arlindo Cruz

Texto e seleção de repertório do pesquisador Bernardo Oliveira:

Arlindo Domingos da Cruz Filho (1958-2025), “o sambista perfeito”. Sem sambas do Arlindo não tem pagode. Ele costumava dizer que Almir Guineto era o sambista em pessoa, todos concordavam, mas sempre completavam: “e Arlindo Cruz”. Nas palavras de Nei Lopes, “elegante do jeito Paulinho, cativante do jeito Martinho, malandro e contagiante do jeito Zeca Pagodinho”. Por ocasião do seu 65° aniversário fiz uma breve homenagem que reproduzo abaixo. Dia de muita tristeza por aqui, mas Arlindo não gostava de tristeza, era alegria e fé na vida.

“Arlindo Cruz tem o dom de compor sambas infinitos, atemporais, que soam como algo que jamais perderá o brilho. A dicção flui como mágica, rio que corre pro mar; o verso encontra a melodia com a naturalidade com que o arroz completa o feijão: tudo é muito telúrico e natural, ousado e familiar, tudo se encaixa e se justifica e nos surpreende, novamente… Uma vez, saindo ébrio de um pagode, não pude conter a impressão de que dificilmente se faz uma roda de samba sem as canções inesgotáveis de Arlindo Cruz. Reparem na alegria das pessoas quando cantam juntas ‘Madureeeeiraaa…’. Escuta só o que Arlindo Cruz me falou: a vida é uma roda de samba onde o coração faz a cadência. Arlindo é mestre da cadência. Sua arte nos ensina que festa, música, encontro, marola, são partes preciosas de nossas existências, porque exprimem a beleza de uma coletividade provisória que se forma em toda roda de samba. Arlindo tem o dom de tocar o banjo como quem invoca toda a percussividade das culturas amefricanas. Partideiro capaz de versar nas regras do partido alto, mas para além de toda regra; sua voz possui um timbre único e particular. Em um grande disco de 1986, ‘Senti firmeza’, o saudoso Mestre Marçal não hesitou em escalar nada mais, nada menos do que cinco de suas canções. Em uma entrevista, perguntei o que ele achava disso, no que respondeu: ‘acho que o Mestre exagerou nessa!’ E rimos! Que nada, Arlindão, Mestre Marçal sabia tudo! Arlindo Domingos da Cruz Filho, cantor, compositor, instrumentista, Imperiano, flamenguista, um dos maiores.”

Repertório

Seja sambista também (Arlindo Cruz e Sombrinha) – Fundo de Quintal

Sambista perfeito (Arlindo Cruz e Nei Lopes) – Arlindo Cruz

Grande erro (Arlindo Cruz, Adilson Victor e Marquinho) – Beth Carvalho

Melhor para dois (Arlindo Cruz) – Fundo de Quintal

Aos novos compositores (Arlindo Cruz, Chiquinho e Acyr Marques) – Mestre Marçal

Castelo de cera (Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho) – Fundo de Quintal

Ai, que saudade do meu amor (Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho) – Zeca Pagodinho

Fingida (Arlindo Cruz e Rixxa) – Arlindo Cruz e Sombrinha

Deixa clarear (Arlindo Cruz, Sombrinha e Marquinhos PQD) – Zeca Pagodinho

Pranto que chorei (Arlindo Cruz, Franco e Acyr Marques) – Beth Carvalho

O show tem que continuar (Arlindo Cruz, Sombrinha e Luiz Carlos da Vila) – Fundo de Quintal

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