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12.1.2022
Só Nara Leão mandava em Nara Leão
Anunciada como a musa da bossa nova, dona do apartamento no qual muitos acordes foram gerados, Nara Leão escandalizou a música brasileira ao estrear, em 1964, com um LP de sambas de morro, como se dizia. Não seria o último escândalo.
Nara gravou mais de duas dezenas de discos e ninguém sabia exatamente o que estaria neles. Gravou compositores pouco conhecidos, entre eles Sidney Miller, Paulinho da Viola, Fagner, Luiz Melodia e outros muito conhecidos, mas estigmatizados pela crítica, como Roberto e Erasmo Carlos.
Nara Leão morreu em 1989, aos 47 anos, e faria 80 em 19 de janeiro de 2022. Foi uma das artistas mais ousadas da música brasileira e este é o recorte que Joaquim Ferreira dos Santos usou para o roteiro de 16 canções deste programa. Ela era imprevisível.
Depois de denunciar as desigualdades da realidade nacional, ela apresentou ao Brasil o lirismo nostálgico das primeiras canções de Chico Buarque. Também não seguia o mercado quando, em meados dos anos 1970, resolveu fazer um LP com as canções que usava para ninar os filhos. Foi coerente até o último disco: um repertório afetivo tirado de musicais de Hollywood.
Repertório
Fui bem feliz (Sidney Miller e Jorginho)
Opinião (Zé Keti)
Pranto de poeta (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito)
Esse mundo é meu (Sergio Ricardo e Ruy Guerra)
Quem te viu, quem te vê (Chico Buarque)
Coisas do mundo, minha nega (Paulinho da Viola)
Maria Joana (Sidney Miller)
Deus vos salve esta casa santa (Caetano Veloso e Torquato Neto)
Fotografia (Tom Jobim)
Penas do tiê (Fagner) – Nara Leão e Fagner
Onde o sol bate e se firma (Luiz Melodia)
Me dá, me dá (Portelo Juno e Cícero Nunes)
Dia de chuva (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Cabecinha no ombro (Paulo Borges)
Howaboutyou (Eu gosto mais do Rio) (Burton Lane e Ralph Freed, versão de Pacífico Mascarenhas)
Meu cantar (Noca da Portela e Joel Menezes)
Roteiro e apresentação: Joaquim Ferreira dos Santos
Edição: Filipe Di Castro