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18.2.2024
Música e política em 1964
O ano de 1964 foi marcado pelo golpe militar de março, mas teve como contraponto uma movimentação cultural expressiva de artistas e intelectuais. O professor e pesquisador Maurício Barros de Castro, que lançou a edição revista e ampliada do livro “Zicartola – Política e samba na casa de Cartola e dona Zica”, pela Cobogó, conversa com Joaquim Ferreira dos Santos sobre o período.
O Zicartola, restaurante de samba na Rua da Carioca, no Rio de Janeiro, foi inaugurado em 21 de fevereiro de 1964. Reunia, em torno da gastronomia de Dona Zica, a fina flor esquecida dos sambistas de morro. No mesmo mês de fevereiro, no dia 28, Nara Leão lançava seu primeiro LP. Metade das faixas era ocupada por artistas da bossa nova e a outra, pelos mesmos sambistas do Zicartola, como Nelson Cavaquinho e Zé Keti.
Maurício relata esses e outros momentos importantes daquele ano. Sempre com uma trilha musical exemplificando, ele mostra o que foi o Centro Popular de Cultura, o desfile das escolas de samba deixando de lado as cortes europeias para exaltar os reis negros brasileiros, o filme “Deus e o diabo na terra do sol” e os espetáculos “Opinião” e “Pobre menina rica”. De alguma maneira, todos esses acontecimentos passavam pelas noites de samba do Zicartola.
Repertório
Opinião (Zé Keti) – Zé Keti
O sol nascerá (Cartola e Elton Medeiros) – Nara Leão
Luz negra (Nelson Cavaquinho e Irani Barros) – Nara Leão
Chico Rei (Geraldo Babão, Geraldo Sabiá e Jarbas Soares) – Acadêmicos do Salgueiro
Aquarela brasileira (Silas de Oliveira) – Império Serrano
Carcará (João do Vale e José Cândido) – Maria Bethânia
Maria Moita (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes) – Telma
Se entrega, Corisco (Sérgio Ricardo e Glauber Rocha) – Sérgio Ricardo
Sina de caboclo (João do Vale e J.B. de Aquino) – João do Vale
Apresentação: Joaquim Ferreira dos Santos
Edição: Filipe Di Castro