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17.12.2021
Gal fatal
O LP “A todo vapor”, também conhecido como “Gal fa-tal”, completa 50 anos de lançamento em dezembro de 1971. O disco é a gravação ao vivo do show de Gal Costa, então com 26 anos, no Teatro Teresa Rachel, em Copacabana. A estreia foi em 12 de outubro de 1971 e o lançamento do LP veio em seguida. O show se estenderia até o final do verão de 1972, tornando-se um dos principais momentos da contracultura (ou geração desbunde) no Brasil. Numa série de shows, peças de teatro e trabalhos de artes plásticas, artistas fugiam das ordens políticas tradicionais de direita ou esquerda. Manifestavam-se contra a ditadura militar com obras que expressavam, de um jeito poético e cifrado, o desconforto e mal-estar pela falta de liberdade no país.
“Gal fa-tal” apresentou uma nova geração de compositores, como Luiz Melodia, Moraes Moreira e Waly Salomão, além de músicos como Pepeu Gomes e Lanny Gordin. Gal também era uma nova cantora. Depois de se lançar em 1967 como discípula do canto sussurrado de João Gilberto, ela passou a gritar na mais radical linha roqueira de Janis Joplin. Tecnicamente, a gravação deixa a desejar, mas expressa o espírito sombrio da época, em canções como “Dois e dois” (Caetano Veloso), “Vapor barato” (Jards Macalé e Waly Salomão), “Pérola negra” (Luiz Melodia), “Dê um rolê” (Moraes Moreira e Galvão). O resultado é o grito angustiado (“Quero ver de novo a luz do sol” é a última frase da última canção) de uma geração sofrida.
Repertório
Fruta gogoia (folclore baiano)
Charles Anjo 45 (Jorge Ben Jor) / Como dois e dois (Caetano Veloso)
Vapor barato (Jards Macalé e Waly Salomão)
Dê um rolê (Moraes Moreira e Galvão)
Pérola negra (Luiz Melodia)
Mal secreto (Jards Macalé e Waly Salomão)
Hotel das Estrelas (Jards Macalé e Duda)
Assum preto (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
Luz do sol (Carlos Pinto e Waly Salomão)
Roteiro e apresentação: Joaquim Ferreira dos Santos
Edição: Filipe Di Castro