
Entrevistas
22.8.2020
A arte e o pensamento de Tiganá Santana
Tiganá Santana é cantor, compositor, professor de filosofia, um artista e pensador que concilia as origens baianas com vivências e sonoridades internacionais. Canta e compõe em várias línguas, entre elas algumas africanas. Em 2020, lançou dois álbuns: Vida código, gravado na Bahia com recursos vindos da Suécia, e Milagres, para o selo alemão Martin Hossbach. Este segundo é uma releitura de Milagre dos peixes, que Milton Nascimento realizou em 1973. “Gravamos para ser um pouco iconoclastas com a obra de Milton. Respeitar como grande obra, mas desobedecer o que ali havia sido proposto esteticamente”, explica Tiganá em entrevista a Lucas Nobile. Entre as faixas do outro trabalho há uma do repertório do Ilê Aiyê, tradicional bloco de Salvador de cuja fundação participou Arany Santana, mãe de Tiganá e que divide com ele a interpretação.
O artista de 38 anos também fala do Brasil de hoje, que enxerga viver sob um governo destrutivo, atuante contra as manifestações culturais. E sobre racismo, contra o qual, segundo diz, seria necessário o envolvimento de toda a população. Credita aos movimentos negros o que considera conquistas ainda tímidas.
Repertório
A chamada (Milton Nascimento)/ Escravos de Jó (Milton Nascimento e Fernando Brant) – Tiganá Santana, Sebastian Notini e Ldson Galter
San Vicente (Milton Nascimento e Fernando Brant) – Tiganá Santana, Sebastian Notini e Ldson Galter
Milagre dos peixes (Milton Nascimento e Fernando Brant) – Tiganá Santana, Sebastian Notini e Ldson Galter
Sacramento (Nelson Angelo e Milton Nascimento) – Tiganá Santana, Sebastian Notini e Ldson Galter
Disu Ye Mvula (Tiganá Santana) – Tiganá Santana
Flor destinada (Tiganá Santana) – Tiganá Santana
Ilê, se eu não gostasse de você (Nego Tica) – Tiganá Santana e Arany Santana
Apresentação: Lucas Nobile
Edição: Filipe Di Castro